Você já parou para ler as fichas, relatórios ou até mesmo conversar com as famílias de seus alunos, para compreender o formato familiar de cada um? Bom, passei por momentos interessantes, que me fizeram refletir sobre as documentações escolares (fichas, relatórios, etc.) que há hoje nas U.E.
Num
primeiro momento, ao me deparar com uma ficha de matrícula, onde consta espaço apenas,
para dois responsáveis MÃE e PAI. Em meus devaneios, me peguei pensando nas
atuais constituições familiares: avós responsáveis por netos; tios responsáveis
por sobrinhos; mães como única responsável ou até mesmo o pai; dois pais; duas
mães; pai ou mãe afetiva/o.
O segundo
momento se deu, ao ouvir um relato: ama criança machucou-se na escola (nada
grave, mas que merecia um telefonema informando o ocorrido) e a equipe gestora
tentou contato com a mãe e a mesma não atendia. Em sua ficha de matrícula constava
o telefone do pai, porém na ficha de contato rápido, o mesmo contato com a informação
“medida protetiva” em relação a esse genitor. A ligação não foi realizada e o
ocorrido relatado na hora da saída, quando a mãe veio buscar a criança.
São
duas situações, dentre muitas outras que podem constar no prontuário da criança,
tanto em relação a constituição familiar, quanto a situação do contexto geral
de sua família e/ou rede de apoio.
É
sabido que nas fichas de matrícula, devem constar as pessoas autorizadas a
buscar essa criança, seja no horário de saída, seja em situações de emergências,
porém é um campo que deixa de prestar a devida atenção as novas constituições familiares
e nos deixam aquém de muitas informações muito uteis para compreender o nosso
aluno.
Não
estou levantando uma bandeira de “mexericarmos” sobre a vida de nossos alunos,
mas de acolhermos não só a criança, mas sua família como um todo e sabermos como
lidar em situações de necessidade de um responsável.
Uma
matéria do Correio Braziliense, de
2018, retrata bem um pouco da questão que abordo, ou tento tratar, acima. Ela
já inicia dizendo que:
“O tradicional arranjo de família;
com pai, mãe e filho(s); mudou. Além das formações convencionais, novas
configurações crescem e mostram desafios diários enfrentados por mães e pais
sozinhos, divorciados que unem as famílias, crianças que são criadas pelos
avós, coparentalidade e casais homoafetivos que lutam para que seus afetos
sejam respeitados. O que há de comum entre eles é o amor, cada um à sua
maneira. As diferentes formas de composição familiar mostram que o gênero, a
idade e o status civil de quem cria não importam; prevalecem sempre o respeito
e a união.”
A matéria
segue com relatos de formatos familiares que são cada vez mais comuns em nossa
sociedade e cá entre nós, penso que já existentes há muitos anos, porém por uma
questão cultural, de forma oculta, sem divulgação por diversos e diferentes
receios.
Finalizo,
com a proposta aos nossos setores públicos de, de fato, atualizar os dados de
nossas constituições familiares e ao invés de constar campos de preenchimento em
fichas de matrícula escolar, por exemplo, apenas com os dados do pai e da mãe, compor-se
de um item com o dizer FILIAÇÃO
e neste conter 3 ou mais espaços para preenchimento, além de informações que
possam ser imprescindíveis para o bem estar físico e psicológico de nossas
crianças.
Fonte:
- https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2018/12/25/interna-brasil,727213/familias-formadas-por-pai-mae-e-filhos-ja-nao-sao-maioria-no-pais.shtml
- https://educacao.sme.prefeitura.sp.gov.br/noticias/setor-de-demanda-escolar-disponibiliza-modelos-de-formularios/